Nove e trinta da manhã de uma sexta-feira de inverno. O tempo está calmo, o sol brilha num céu pouco nublado.
O pessoal de bordo faz a contagem: devemos ser entre 50 a 60 passageiros, considerando o número de cadeiras vazias à frente e atrás. Estamos todos juntinhos nas filas mais centrais, provavelmente devido ao carregamento e centragem do avião.
O primeiro motor é ligado, depois o segundo, o turbo-hélice é empurrado do estacionamento para a posição de saída. Rola e, pouco depois, descola para leste, usando pouca pista. Ganha alguma altitude e dá uma volta sobre a ilha, continuando a subir em direção a oeste.
O barulho dos motores é suave. Ouvem-se as conversas nas filas vizinhas. Na da frente, uma voz com acentuada pronúncia das Velas conta algo sobre a saúde de um familiar. Na de trás, estabelece-se uma relação comercial: alguém conta que vem do Canada, vai fazer obras numa casa da ilha e quer instalar determinado equipamento; a interlocutora, que diz ter sido emigrante nos Estados Unidos da América, representa exatamente o tipo de produto que ele precisa e dá o seu contato para o caso de ele querer adquiri-lo.
Através da janela, o azul do céu é pálido e o do mar parece de petróleo. Nuvens pairam sobre as ilhas que se avistam.
Cerca de quarenta minutos após a descolagem, o avião começa a descer. No canal, dá uma volta sobre o morro e a vila e endireita-se na direção da pista. À esquerda, o paredão verde da ilha, à direita, a água azul, donde se avista a ilha montanha. Já em cima da pista, parece que demora a pousar, mas pouco depois toca e rola de mansinho para a posição de estacionamento.
Somos conduzidos à aerogare e daí saímos para o parque de estacionamento. Aqui é que nos apercebemos da encosta imponente da ilha, de um verde bravio. Saímos do aeroporto. Na estrada, sucedem-se casas bem cuidadas.
Estamos na ilha de São Jorge. Regressamos nesse mesmo dia a São Miguel, de onde partimos esta manhã, num voo direto, sem paragens. O regresso será feito através de dois voos com ligação no aeroporto das Lajes, na ilha Terceira.
O check-in fora feito na véspera para todos dos voos através da aplicação para telemóvel da companhia aérea. A compra do bilhete também foi efetuada no site da transportadora, com toda a facilidade e eficiência. A ida e volta custou cerca de 60 euros, correspondente ao preço especial para residentes na Região Autónoma dos Açores.
À tarde, no horário previsto, lá embarcámos com destino à Terceira, num voo tranquilo de pouco mais de vinte e cinco minutos, mostrando o mar acetinado mais escuro, devido à luz diáfana do entardecer, com nuvens altas.
No terminal civil das Lajes, o pessoal do acolhimento encaminha-nos pelas transferências. Na sala de embarque, esperamos cerca de quarenta minutos, tempo para mais umas páginas do livro que nos acompanha, entretenimento para eventuais atrasos.
Com a antecedência devida, somos chamados para embarque. Primeiro as famílias com crianças, depois os restantes passageiros. Num processo ordeiro e eficiente, formamos uma fila e, um a um, mostramos a nossa identificação e passamos o cartão de embarque digital (ou físico) no leitor automático. Somos bem acolhidos a bordo. O voo está cheio, pois é sexta-feira à tarde. Saímos no horário. Antes da hora publicada, estamos a aterrar em Ponta Delgada.
No discurso de despedida, a assistente de bordo termina, dizendo: “esperamos que voltem a voar com a SATA Air Açores”. Rimo-nos. Afinal, não temos alternativa a esta transportadora para fazer as ligações aéreas no interior da Região Autónoma dos Açores. Mas, o sentimento é de orgulho, pois a nossa SATA serve-nos muito bem.
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Declaração de interesses:
Trabalhei na empresa SATA durante anos. Viajo com frequência e tenho utilizado várias transportadoras. Por conhecer os processos das operações aéreas, sou bastante sensível a verificar os desvios, a perceber a cadeia de falhas e a identificar a capacidade de reposição quando acontece uma irregularidade.
Na minha última viagem na SATA Air Açores, conforme acima descrevo, apesar da forma diarística e impressiva, tudo correu com a máxima eficiência e eficácia. Nem sempre será assim, devido a fatores inerentes às circunstâncias da sua operação em ilhas no meio do Atlântico.
Considero, porém, que aquilo que transcrevo é o padrão do serviço da companhia: um serviço público de qualidade, com aviões cuidados, pessoal amável e eficiente, uma oferta de frequências e capacidade consentânea com a procura e uma proximidade através de uma rede de lojas e balcões em todas as ilhas, para além das modernas funcionalidades da distribuição online, a capacidade de resposta de um call centre, bem como da digitalização dos processos de venda, check-in e embarque.