A 23 de Abril comemorou-se o 40º aniversário da inauguração do aeroporto (inicialmente designado como aeródromo) de São Jorge que constituiu uma das infraestruturas mais ansiadas pelos jorgenses.
Foi um dia de festa e de alegria na ilha, como relatava, então, o jornal Correio de São Jorge:

Outras fotos do evento mostram outras iniciativas tais como as filarmónicas em actuação:

Quem conheceu a realidade da ilha compreenderá bem a razão de ser desta alegria e das festividades. Havia o sentimento de que ficava doravante quebrada a ancestral condição periférica da ilha.
Naturalmente as características das nossas ilhas vão sempre provocar o cancelamento e o atraso de voos, tal como acontece noutras partes do mundo, mesmo em aeroportos maiores e que dispõem de muito maiores e melhores recursos no apoio à navegação e operação aérea, embora nestes com menor frequência.
Na minha última viagem a São Jorge, encontrei no interior da aerogare e no exterior da mesma placas referentes às diversas melhorias executadas na infraestrutura, tais como:
– Remodelação e ampliação da aerogare concluída a 1 de Junho de 2006:

– Inauguração da aerogare em 2 de Maio de 2007:

– Construção do parque de estacionamento da aerogare do aeroporto da ilha de São Jorge concluída a 1 de Agosto de 2008:

– Processo de co-financiamento pela União Europeia da empreitada de conceção/construção da ampliação e alargamento da pista do aeroporto da ilha de São Jorge:

Ampliação do aeroporto da ilha de São Jorge inaugurada 1 de Agosto de 2012:

Curiosamente, porém, não encontrei uma placa comemorativa da inauguração inicial daquele aeroporto. Será que existiu, mas foi retirada aquando das diversas obras realizada posteriormente? Jaz esquecida nalgum armazém ou faz parte do entulho sob a pista e a aerogare?
Todo o governante quer deixar uma “pegada” maior e mais vincada se possível ocultando as “pegadas” dos seus antecessores. Terá sido isso que aconteceu?
Pouco importa.
No entanto, não deixa de ser estranho para qualquer visitante – e até para os residentes mais jovens – que, no meio de tanta placa, não exista uma referência à (primeira) inauguração do aeroporto!
Numa das suas crónicas na Visão, António Lobo Antunes contou que, certa vez, um dos doentes do hospital psiquiátrico onde trabalhava lhe confidenciou convictamente que “o mundo começou a ser feito por detrás”.
Ocorreu-me esta estória, porque ao chegar a este ponto do escrito concluí que o comecei a fazer da frente para trás, ou a partir do fim. Numa próxima oportunidade, havemos de voltar ao que ficou para trás…